quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Valor de uma amizade

Queria aproveitar e dedicar um poema que escrevi há algum tempo mas ainda não o tinha partilhado. Dedicá-lo a alguém muito especial. Alguém que descobri ser parte de mim em termos que nem eu consigo explicar. Queria dedicá-lo à minha melhor amiga:

No tempo em que o céu te levou
Houve vento que suportou
O gemer gelado da terra
Para acalmar o que se encerra
Em segredos que o tempo guardou.

E não queira que eu te minta
Por achar no desengano
As palavras de um profano
Para provar que eu não te sinta

Saudade, ira e memória,
Mais do que digo fica na história
Porque o tempo que antes corre
Logo passa e tudo morre.

No teu abraço está o meu seguro
No meu beijo está o teu abraço
Por ligados na história que estamos
Purifica o amor em que faço
De nós tudo o que partilhamos

Chega a lua, pôe-se o sol
Mas aguardo o novo dia,
P'ra que fixo no teu sorriso
Eu não perca mais meu siso
Marca em mim esquizofernia

De ti não peço mais do que és
Pra que eu possa aproveitar
Nesta vida senão noutra
Do que em ti não pude guardar

Dá-me tudo e não me fujas
Pois de coração apertado
To entrego pra qu'o respires
E lhe rompas o sufocado

Em mil versos não diria
Tudo o que ele a ti diz
Mas tenho agora uma vida
Para contigo eu ser feliz

És o mais importante de mim
E por tais laços de sangue
Esta história não tem fim
A ti pertenço na eternidade
E essa....
É toda a verdade.

Para ti... Mafalda Angélico

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Poeta renascido... e outros mil pseudo-títulos

De palavras fui esquecido
E por tempos que hão findado
Me deitei e cantei sofrido
Num próspero mas tão contido
Sentimento já acabado

Porque em palavras me exprimo
E perdoe se menos qualquer
Qualidade de mulher
Se interpele aquando rimo

Por não deixar morrer
E tão menos fazer sofrer
Me retorno hoje por crer
Que algures nas sombras do tempo
Restará algum saber

E trocada a inspiração
Faz parecer faltar a ária
Se de todo a coração
Me alenta a imaginária
Conjuntura da situação

Se acalentado estive e mais não estou
Deixai o meu coração falar
Pois se em verdade eu me encontrar
Algum sentido se há de contar
Com regresso à nostalgia
Marco este novo início
Tanto envolto em sacrifício
De rochedo e precipício
Pr’ aclamar nov’ alegria

Se imatura se encontra esta terra
Imatura deixai-a ser
Pois de verde se pinta a esperança
E se planta em cada bonança
Na terra que me viu nascer

E nascendo a cada dia
Me desperto a um novo olhar
Sobre o que há de esperar
Em tão bela heresia

Mas para vulcões que aqui ardem
Me aguardo em seu contexto
Pois compondo assim em harém
Tenho em fim, meu mais que texto

Oh saudoso basalto
Que noutros versos cantado
A mim vieste em mar alto
Pra dar conta ao sobressalto
Deste teu iluminado
Pois assim é e me ilumina
Aquilo que os demais escurece
Mas o medo a mim fascina
Ou pelo menos assim parece

E nesta tenra viagem
Negreiras honras me tentaram
Para que hora se entregaram
E em brumas elas tornaram
As cores da minha miragem

E de fé para ti me avanço
Pois assunto principal
Daquilo que eu não canso
Instinto qual animal
Que confuso segue afinal

Oh tu, que do grego nascestes
Abandona meu sentir
Que agora como amigo
Não impede mas deixa fluir
O que faz isso comigo

E de amor claro falar
De amor ou amores talvez
E se engane quem possa pensar
E repita “Outra vez”?
Pois um estalo há-de levar

Do nada veio o calor
E para o nada já seguiu
Vai-te ó tentador
Do tempo perdedor
Que o meu coração sentiu

E árduas são as memórias
Quanto mais as que hão de vir
E tantas sonhadas vitórias
No meu sonho não hão dormir

Para sempre, eu acordado
Dormirei sobre o ensejo
De no palco, a entrar, estar prestes
E viver o meu desejo

E de fome, complemento
Não me julgues animal
Num olhar que afinal
Só pertence a tal momento

De ti aqui me despeço
E da página eu viro o libero
Num sussurro eu só te peço
Aquilo que um tempo espero
Avançando em temas outros
Da vida me passo à morte
Quase como se do azar
Eu pudesse culpar a sorte

E este tema tomo evasivo
Lhe salto e assisto num verso
Saudade do meu cativo
Pai que em crisma eu tanto terço

Se saudosos partem uns
Saudosos outros ficam
Para respeito de nenhuns
Se em bondade de alguns
Ao seu prazer só se dedicam

Por ténues lembranças
Que o tempo me traz
E tão breves festanças
Se mostram tão mansas
Guerreiras de paz

Na pior altura minha
Em que o teu olhar rocei
Pude ver que já não tinha
Amizade de outra vida
De um prazo que findei
Mas se a uns se diz melancólica
A outros tantos ela se grita
Para trazer tão metódica
Notícia de contrafeita
Em lugar de despedida

E para tão bom suspiro
Nos seus braços pude cair
E sob as nuvens sentir
Que o tempo é mais retiro
Do que aquilo que admiro

Se abra em “Éne” para o efeito
Se feche em “A” para solução
E findou meu preconceito
Em achar que por ter feito
Não teria mais razão

Tu gritaste num abraço
Demorado como a vida
Que os erros do passado
E ainda que assumas errado
São apenas memória esquecida

Por mais do que isso te agradeço
Neste estado audacioso
Em mostrar que não tem preço
Não tem fim mas só começo
Amizade que mereço
Por a ti tão fervoroso.

E me recordo ao presente
Para falar do que não quero
E por ser inconsequente
Ao que julgo e lhe venero

Se surgiu de um tão passado
No me presente vincou
Difícil me mostrou
Como amar em ser criado

Por tal vil acontecer
Em raiva se houve haver
E pago em cada hora
Não saber se por demora
Vai volver e suceder

Negro e externo se for tal facto
Branco e puro se assegura
Um amor que tempo nato
Pelas ondas do tempo perdura

E no meio do meu pensar
Me encolho a questionar
Se para ti me tenho a fim
De mais outra do que a mim

Para, olha e escuta em teu volteio
Toma rédeas no rodeio
Que cavalga a tua mente
Que se quer tornar dormente
De um fim que já tem meio

Resiste ao estrangeiro
Toma pelo que é teu
Ignora esse plebeu
Que se fim for certeiro
Razão ele não há-de ser meu

Meu astro de céu, meu corpo de março
Sonho em vir estar ao teu lado
Me tenta apenas o fado
De um esquecido e solto cadarço
Se tornar enamorado

Como houvera em tempos que aprontam
Daqueles que sobre eles duvido
Está já quase socorrido
Para lugar que já escolhido
Mil e umas mais se aprontam

E coração oh tu que dizes
Se te peço que concretizes
O findar dessa passagem
Que nos anos já diz viragem

Se me tentas, a ti me desforro
E me forço ao que não quero
Pra inconfidência, eu te berro
Para pior, então me morro

Me perdoe se errado ocorre
Por insistir em embuste tanto
Para clamar o que não canto
E fugir ao que decorre.

E de volta aos mares de leste
Se encontram repousadas
Lágrimas de oceano este
Que em teu nome são cantadas

Trovas, árias e Loas
Em todas elas se põe o soprano
Que imune a mais leoas
Me cunha assim para mais de um ano

E de tantos anos passados
O tempo não mo permite
De saltar quantos recados
Escutei no seu limite

Deixai passar pois chronos então
Que se julga meu senhor
E que tenho em tanta dor
Para cabinal o seu fedor
Ainda meus servos serão

Que a segunda suje a primeira
Desse vício não me abstraio
Que em tao belo desmáio
Me jogo nas suas águas, ribeira

Ribeira que corres, água que passas
Se não posso a ti vencer
Traz um dia a mesma água
Para que dela mais possa beber

E só para ti ficaria hoje,
Desmedido para não encerrar
Palavras que fim não têm
E que o vento não há de levar

Bela Fauna, Doce Flora
Se de todas mais perfeita,
Não hoje e não agora
Mas na sua certa hora
Há de estar a cama feita

Que errados se sintam os meus
Se por acharem que transmito
Furtos que somente fito
E me fitam a mim como seus

Ou transmito e deixo passar
Num diálogo quase claro
Arriscando a imaginar
E um dia talvez pagar
Do presente o preço mais caro.

E terminar-me talvez não sei
Pois custa tanto deixar
No tempo o que uma mensagem
Já não pode mais tragar

Num soluço tão medricas
Não deixo que o tempo suprima
Um momento mais bonito
Do que aquele em que tu ficas

E naquele fico contigo
Para tudo com saudade
Num só corpo, num só desejo
De amor para eternidade

Que mais pecam conflitos
Se falar na alva mestra
Com a qual já nada resta
Dos tempos em que me testa

E por menos se julgue agora
Do que em tempos eu já tive
Para tudo me contive
E assim já não me adora

Pouco disso, e sono mais
Para falar tão pouco diz
Importantes já não são tais
Os seus selos flor-de-lis

Deixa-te agora em teu refolgo
E talvez o dia te nascente
Dê mérito que eu amolgo
Como a verdade inteligente

Pois os há quem mim precisam
E aqueles que só me confiam
A tortura que mais passam
E que a minha alumiam

Deixa-te em mim, amigo vivaz
E talvez te possa ajudar
No momento mais audaz
Te digo, conseguirás
E haverás de triunfar

E de mais passo á final
Questão essa pessoal
Para quem seu ascendente
Se esconde tão dormente
A verdade mais real

De cavernas cravadas a barro
De um vermelho sangue vivo
À memória desse nativo
Mato a ele e a mim me amarro

Vem a mim, deixa-me ver-te
Deixa ver o que mais não vejo
Por ser cego ao que desejo
E no fim eu não mais ter-te

E não passou um só dia
Sem que em mim não te encontrasse
Vives tu para minha alegria
Num querer em que eu te abrace

De longe em outra vida
Deixei fruto que me veio
Tornar esta conseguida
Dar razão ao meu anseio

Oriunda do meu sangue
Rebento do meu saber
A lágrima que de mim te separa
Em breve te irá acolher

Que te traga a Deusa ao meu raiar
E te deixe no teu berço
Não te leve de regresso
Sem que antes te possa tomar

Vive em mim questão de vida
Da vida que tu pediste
Não me tomes por definida
Constante do que não existe.

E na fé só deixo um verso,
Por inteiro carecer
Num futuro lhe hei de ocorrer
Quando faltar o que eu não peço.

Num futuro conclusivo
Dito de leopardo ao peito
Ganho asas abusivo
Para viver menos suspeito

Num saber que só eu sei
E uns de que mestre não sou
Algum dia pois o serei
Ainda antes de que me vou

Conclusões ainda não tiro
Deste imenso baralho
Qualquer carta ou destino
Tem fortunas a que ralho

Tanto mais eu contaria
Mas de regresso me calo apenas
Esperando que as vindouras
Hão de ser as mais serenas.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Amor de perdição (O último poema)

Perdi-me.
Perderam se as cores do arco-íris.
Perdeu-se o ar que respiro.
Perdeu-se a vida que eu vivo.
Perdi-te.

Perdi-te.
Perdi a identidade.
Perdi a felicidade.
Perdi hoje o meu sorriso.
Perdi-me.

Perdi-me.
Para sempre coroado.
Por últimas palvras "Eu amo-te".
Eternas se cumpram estas.
Ainda que se percorram outros caminhos.
Perdi-te.

Tudo para mim,
Nada de mim.
Nada sobra, nada resta.
Só e apenas as eternas.
E se cumpram um dia mais tarde.
Sengundo um designio apropriado.
Para cerimónia de aliança.
Aconteça o que acontecer.
Para sempre
Para todo o sempre.
Lyfe

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vídeo (Caí, Levantei, Perdi, Superei)

Pequeno vídeo elaborado por mim ao piano recitando o tão especial poema Caí, Levantei, Perdi, Superei



Obrigado!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Caí, Levantei, Perdi, Superei

Perdemos tantas guerras
Sumem-se tantas palavras
Se nos foge o raciocínio
Pra nós só ficam mágoas

Porquê mudar
Porquê ficar
Porquê ter de escolher
Um caminho para sofrer

Ó semente em que me tornei
Porque fui aqui plantado
Crescendo em mil negreiros
Do meu corpo fui retirado

Pesa o peso mais pesado
Corre fria esta dor sentida
Pelo meu imaginário
De mil uma é mais querida

Negras são as correntes
Que prendem a sua proa
E seus passageiros dementes
Não conhecem terra boa

Ó vida porque me tornaste
Num destes loucos incautos
Sem minha razão me entregaste
À dúvida dos mares altos

Fujo do mar, das caravelas,
E volto a porta segura
Ou observo, nas suas janelas
O cheiro da doce ternura

Perfume do diabo
Que já muitos conquistou
Não me enganes, ó vida
Nesses mares eu já não estou

Não percebo se já estive,
Ou se assim a mim me minto
Parte, ó doce caravela
E deixa o meu coração repousar

Se apenas fui confuso
Fica aqui o meu desejo
Sou de ti ignorante,
E no sonho me persegues
Para arrancar um novo beijo

Se de tua não for a culpa
Partirei em devaneios
Cala o som, fecha os teus olhos
E finda em estaca meus receios

Ó doce e bela paisagem
Não sei se loucos te chegarão
Despeço-me por coração
Assim manda obrigação
De um pesar que não terão.

domingo, 9 de maio de 2010

Cruel Verdade

São minhas palavras sentidas
São meus os segrados guardados
E dessas verdades perdidas
Trazem de novo mundos mudados

Oh tão cruel culpa da verdade
Naquilo que me tornaste
Tão vil tua de ser a vaidade
Que a duas vidas condenaste

Te repito vil e se possa mais
Por me teres assim em desdém
Te prego em cruz e sofram os tais
Pois a verdade não honra ninguém

Inconviniência talvez no acaso
Mas ainda assim não quero saber
Te culparei, ó triste atraso
E talvez assim possa esquecer

Mas nem por mim eu sofro tanto
E prendes aqueles a quem sorri
Prende o meu coração entretanto
Pois se é assim, eu já morri

E nem em tanto palavras se cumpram
Pois ao vil chronos te juntaste
Deixai ao vento que nos partam
E nele se fique o que tu separaste

Triste e frio é o meu caminho
Se busco forças na escuridão
Ao caminhar, corro sozinho
Ao me deitar foge a emoção

Volte o tempo ou fuja a verdade
Resolvam ó deuses o meu tormento
Se me enraivece a tua saudade
Pior me mata teu sentimento

Passado agora já não interessa
Pois da verdade me calei
E até que se volte mais calmo à pressa
Mais verdade eu não direi

Calado em vida assim serei
Por não perder tanto por isso
E assim no fim melhor farei
Se me tomar por vil submisso

Não me tente o povo por condenado
Se a razão é tão sublime
Mentir por medo não é pecado
Mentir-me a mim tão pouco é crime

Entrego a alma se for preciso
Pois só eu sei me custa o quanto
Não ver mais o teu sorriso
Nem sorrir ao teu encanto

E é último o meu rugido
De dor, angústia ou libertação
Me faça eu por mais temido
Na verdade da união

Me findo de desejo evidente
E transcrevo por final
Na verdade inconviniente
Mora o erro mais fatal

terça-feira, 13 de abril de 2010

Ternura de um susurro

Agora que a minha vida deu uma grande volta, novos projectos se avizinham e preparar-me para eles é um ganho de consciência adquirido. Uma vez mais, o meu coração expande e dessa receita de sentimentos eis que surge um susurro. Conta-mo o vento num assobio terno. Tudo aquilo que o vento me disse eu vos digo a vós também:

Lábios de seda,
Perfume de céu,
Um toque de amor,
Uma nuvem de véu.

Um olhar penetrante.
Um beijo selado.
Se tão mais tal for errante,
Esse amor arde ao meu lado...

Na calada desta noite
E para segredo de um Deus,
Eu te sinto! Eu te vivo!
Até mais e sem adeus...

E se nem o amor dita,
Um sentir tão superior,
Sejamos ambos a bendita,
Fala ao que sente o calor.

De alma, corpo e coração,
Ou até um algo mais...
Mas não há orgãos que ditem
O sentir dos imortais.

Se o amor houvera visto
Tudo ou mais do que sentimos,
Ainda mais neste imprevisto
Do sentir em que sorrimos.

Sobre o amor a ti te ponho,
E assim tão acordados,
Vive em mim, vive o meu sonho
De dois seres apaixonados.

No meu mar se acalmem ondas!
No meu céu se acalme o vento!
Pois deix'o mar e o vento sentir,
A magia deste momento.

Para sempre e até então
Que eu me sinta superior,
Vem-te a mim, dá-me a mão,
Se é meu teu tão mais que amor.

A ti venero ó minha rainha;
E te diz coração consolado
Que nas estrelas, no infinito,
Para sempre estarei ao teu lado...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A lei dos mortos

Sempre vi e ouvi crescer,
Os sussuros dos mais temidos,
Entendesse pra meu ser,
Se então ao meu temer,
Fossem sempre tão parecidos.

E mais diferentes na costura,
Se fizesse outro vestido,
Não sab'ia que ternura,
Me faria o corrigido.

Não me sei expelir em doença,
E menos falta para demora,
De chegar à minha crença,
De que menos falta à hora.

E em tempo ou contra-vida,
Vai suando em minha face,
Se a paixão fosse esquecida,
Viveria outro enlace.

Não tão pode ser o ponto,
Se amor não é não mais sei ver,
Estima em vida se tão tonto,
Cair fundo e me perder.

"Dimais" pensa o meu pensar,
"Kanto" o choro se chorar,
Preso à vida se me desse,
Pelo mais que ansiar.

Terço e no futuro eu paro
Se presente é a razão,
Me elevo ao que não reparo,
Pois só mando na emoção.

E razão não conheci,
Pois mais que não sei se agora,
Fosse a razão em que me perdi,
A razão da minha demora,

E indeciso me vai caindo,
Quanto mais passa do "cronos"
Espero a moça que saindo
Me diga quem já não nos fomos.

Pára assim ó tão cruel,
E segue a alma do ministro,
Se for essa a solução,
Deixa andar o meu sinistro.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Carta à senhorita ÉNE...

Passa negro e tão mais escuro,
Como o peso da solidão.
Quando aperta o coração,
Já não mais sinto seguro.

Pois partiu e sei não foi,
Por razão talvez incerta,
Nesta vida tão deserta,
Não entende como dói.

E mais soturno não posso ser,
Se me foge o sentimento,
Coração se endura em cimento,
Pr'em simples estátua se converter.

Fujo dos outros. Fujo de mim.
E arrasto a prespectiva.
Mas nem diva ou cativa,
Me podem garantir que sim,
Que tudo isto é uma mentira.

Talvez tu idolatrada,
Mas já nem tu te queres consumir,
na preocupação do evoluir,
Se há um fim para esta estrada.

Sinto falta dos teus sais,
E deles faço agora os meus,
Escrevendo em fórmula de Deus,
Ordeno a morte dos imortais.

Se de tudo resultou,
Um fruto de grama e meia,
Não se fale em barriga cheia,
Nem do mal que este causou.

Pois sabemos que assim não será,
E de tudo a sensação,
Desse termo ao coração,
Se não mais que a determinação,
De felicidade que terá.

Se assim pode ser, então não sei,
Se foi um erro, não saberia.
Se me invoca sabedoria,
"Foi amor", é o que direi.

Te peço assim que tudo dividas.
E de volta te possa ter,
Pois nas horas esquecidas,
És alento ao meu sofrer,

Mergulho mais a mia voz,
Se esperar for o destino
Um destino tão atroz,
Como aquele do meu caminho.

De todas e outras formas,
Poderia dizer que te amo,
Como irmã, se assim me tomas,
Como amiga, se assim lhe chamo.

E até que ocorra a mudança,
Continuo em sofrimento,
Pois mais forte é o momento,
Com a dor da esperança.

Assim vazio e sem pudor,
Espero e mais sofro com isso,
De cabeça e vida levo o sumiço,
Assim dito a minha dor.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ode à amargura da vida

Dados os acontecimentos mais recentes e estando eu com um impluso estrondoso de culpar alguém pelas inoportunidades que a vida nos dá cabe-me agora estar hipermania de escrever para saudar "as mais honrosas culpas" que teimam em fazer da nossa vida um inferno. E muito honestamente me culpo até a mim mesmo, não obstante de "eu ser um espelho daquilo que a sociedade projectou para mim"... Ou será que não? Bem verdade é que não sou nenhum animal cujo dono diz "senta" e eu contente cumpro a instrução, mas há que salientar que se as liberdades de todos fossem executadas estaríamos a cumprir uma extrema pena por delírio social colectivo. Por essa razão temos o péssimo hábito de deitar as mãos à cabeça e dizer: "o que vai ser de mim agora". Cumpre-se assim neste poema a vontade de interpor pela minha própria pessoa em prole de certas pessoas que gostam de ignorar as responsabilidades que uma vida irresponsável acarreta. Àqueles que não lutam. Àqueles que sentem perdidos e àqueles que simplesmente não entendem a essência da poesia, lhes dedico este poema, fiel à crença que ficarão menos acomodados do que são e por outro lado aquelas pessoas que me apoiam e me sabem ouvir quando me sucedem as "complicações mais complicadas" para as quais tenho de tomar uma decisão com base não nos meus sentimentos mas nos de todos aqueles que me poderão condenar pela minha prespicácia existencial. A todos esses e todos mais vos deixo a minha ode...


Negra solidão me corrói.
E me tenta a tentação.
E se amarra em coração.
Este a prende, bate e dói.

Se misto não me é querido.
Que tal seja a indiferença,
Qual tal vida e qual tal crença
Me leva e faz sem um sentido.

Mas sentido não tem a palavra...
E muito menos a que digo.
Será amor, será uma mágoa?
Será uma luz? Será um abrigo?

Não perturba as mais mundanas.
Pois do meu olhar fugiu.
Mas sobre as cousas humanas
Olhou para mim e será ' sorriu?

Mas esta dor que sinto no peito...
Mais ninguém a traz consigo.
Pois no que é meu, assim me deito.
E ao deitar, deito sozinho...

Estarei sozinho, estarei senão.
A prespectar uma crueldade.
Dessa tão forte idade.
Negociada com destino.

Será a idade o problema então,
Ou sequer u'mais loucura,
Seja assim tal formosura,
Um amor tão proibido...

Traição cumpro com meu ser.
No desengano da paixão.
Será querer ou será não querer,
Comprar os corpos da perdição?

Ainda mais que o vento muda.
E por vezes se entranha.
Dando lugar à "barricuda"...
E se joga nesta manha.

Ai, ai e ainda ai...
Se mais nada sei lamento,
Mas se culpo este tormento,
É por culpa do momento.

E "ridiculoso" em fala e mente,
Me pronuncio sobre o amor.
E não sabe tanta gente,
Que a isso se resume a dor.

Ou será tal o contrário?
Já me falta a inspiração.
Incerteza ou talvez não,
Desse espelho imaginário...

Assim me concluo, assim me entrego,
Ao tão incerto e amoroso.
Caminho tão tenebroso,
Que demais supera o meu ego!

Se chegar 'alguém importante,
Não privatize esse prazer.
De questão mais esse ter
De eloquência tão errante;

Pois tristeza a quem me diz,
E se não diz tão bem me olha,
Pois será não ser feliz.
Se no fim houver escolha.

Pois já Bocage não sou,
Pois não fui e não serei,
Mas o poeta que um dia errou.
E o pobre tornou rei...

Desespero conseguido,
Por não haver quem compreenda,
Este tão indefinido,
Conteúdo de encomenda.

E encomendo a poesia,
Aos gritos de uma noite serena,
Na calada da surdina,
Essa coisa tão pequena;

Mas de tudo não acrescenta,
Compreensão aos meus poemas,
Se frutos de impunes dilemas,
São àquilo que aumenta...

E sentido não fazem algum,
Como palavras todas essas,
Em seguimentos tão ilógicos,
Num mundo inteiro às avessas...

Mas novamente me termino,
Com a palavra de eleição
Um consumo de indecisão
E me vou que toca o sino....

Já do real me abstráio,
Pois o eco parece mentir.
Permaneço no meu mundo,
E até que encontre o fundo,
Terei tempo a reflectir;
'
Quando enfim chegar o fundo,
Pode ser a sina lida,
Não seja já e assim tão tarde,
Para acordar na amargura da vida!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Fado

Tantas vezes se fala no fado. E Portugal, sendo terra de fadistas naturais em que cada um de nós representa o seu concreto destino reflecte neste poema a importância que o fado tem nas nossas vidas. Sem salientar uma grande importância deve dizer-se que o texto não apresenta rima sendo mais uma reflexão lírica sobre o tema... A criação data da mesma altura que o poema saudade daí a sua semelhança a nível abstracto.

De onde vimos?
Para onde vamos?
O que é viver?
E como será não ser?

A vida corre,
Passa e não volta.
E para onde vai?
Ao covil de Tanathos não estou certo
E por certo estou que este mundo deixamos
E para onde vamos?
A mágoa traz consigo
O peso da mágoa
E consigo arrasta o fado.
Falemos ao fado então.

E o que nos diz o fado?
Apenas que é fado.
E que chega como chega a vida
A cada momento chega e vai
Ao fado de outros.

Fado é que me traz
Fado é que me leva
Ser e não consigo saber se sou
Adepto de algo tão incerto.

Porém sou.
E não há como fugir ao fado.
Vivamos então cada momento
E façamos com que dure
Tanto quanto possamos vencê-lo.
Assim poderemos partir
E nas águas da vida
Levarmos sorrisos
De uma vida vivida
E de uma vitória ao Fado.

Saudade

Este poema foi escrito em 2006 numa altura em que a minha poesia atravessava uma grave crise de independência estilística e uma grande abstractividade. Ainda assim consigo achar alguma "piada" a este poema...

Saudade da terra,
Saudade de alguém,
Dizemos tanta vez saudade
Mas saudade só conhece ninguém.

Ausência de dor
Ou presença dela
Não interessa a quem sente saudade
Apenas ficar à janela
E fitando uma falsa tela
Morto vivo de cidade

E afinal o que é?
O que é o quê se não sabemos que é?
Confusão me causa tal ser.
E ser ou ser não é questão.
Questão de coração poderei dizer.

Mas quem sente não é vivo.
E vivo é quem sente.
E o mundo do fado entende.

Seja eu tal fruto de uma pequena
Sensação que desconhecemos
E como meros espectadores à janela
Fitemos então a nossa tela
E vivamos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O último adeus...


Custa sempre dizer um adeus.. Custa sempre entregar a felicidade de mão beijada por confortos nada mais do que materiais ou razões que nem vou tentar entender. Mas consigo entender que nem todos nem toda a gente é coisa alguma para dizer que a vida deve ser levada dia a dia como se não houvesse o amanhã... Afinal, nem todos conseguem perceber o significado de empatia sentimental. Que raio de sociedade esta que tanta vontade tem de pintar a vida de negro... Se um não chega para fazer a força. Ficam ao menos os lamentos dos insucessos. Eu pessoalmente não gosto muito deste poema... Seja pelo significado seja pelas palavras em si... Mas pronto... Aqui está...



Sei que muita dor causei
Por mal juro que não foi
Obrigado por estares comigo
Mas cá dentro ainda dói.

Por toda a força que sinto
Mais aquela que arranjo
Estou seguro não te minto
A meu lado está um anjo

Desculpa o que não te dei
E me deste no passado
Mas agora sou eu quem te escreve
E não um poeta alterado

Pega nos melhores momentos
No melhor que achas de mim
E com todos os sentimentos
Esse é o Nuno. Eu sou assim

Se o passado não deu certo
E o vento não pudemos parar
O futuro será melhor
Deixa apenas o vento passar

Espero que a relação que temos
Só para melhor possa mudar
Se um dia o destino quiser
A chave do teu coração me entregar

Se esse não for o futuro
Não faz mal, tive o que quis
Pois a meu lado está um anjo
Que me faz muito feliz

A lutar... A lutar... Irei conseguir???

Lutei muito e muitas vezes
Isso posso jurar que sim
Contudo não entendo
Porque a vida me trata assim

Se num barraco me encontro
Já tentei todas as portas
Umas tristes, outras felizes
Umas vivas.. Outras mortas

Se de lá tiver de sair
O que muito eu desejo
É alguém que me obrigue
Que me puxe de lá para fora
Que lute e lute pelo meu beijo

E sei que me encontro embaixo
Mas se alguém me quiser levantar
Muita dor vai ter de sentir
Muitas vezes terá de sorrir
para a dor conseguir aguentar

Se esse alguém o conseguir
E mesmo apesar da dor
Se esse alguém não desistir
Retribuirei com todo o amor.

Amor... Amor...

Pediste um sorriso, dei-te um olhar
Pediste um abraço e dei-te um beijo
E tu quiseste-me castigar...
Restribuiste com um desejo.

E nas horas que passamos.
O tempo não passou.
Pois o tempo que desejamos,
Esse aí.. Não chegou...

Infinito, zero ou indeterminado
Assim são as constantes da vida
Ser infeliz é um pecado.
E o pecado é memória esquecida...

Mas de ti eu não me esqueço
E quero que saibas assim.
Que o que me deste agradeço...
Mas ainda é pouco para mim.

Quero mais e mais e mais.
É tão bom o que senti.
Se de mim tu queres o mesmo...
Não procures.. Eu estou aqui.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Primeiro poema


Este poema foi escrito por mim quando tinha então 11 anos. Foi quando atravessei a minha primeira crise existencialista e sofri o primeiro amor falhado. Sabem? A vida tem coisas estranhas,e todos dizem que devemos aprender com os erros... Mas ao longo da vida acho que os erros têm mais vindo a aprender comigo. Aos comentários sobre a falta de pontuação devo acrescentar que assim é e de propósito pois a vida não tem vírgulas nem pontos. Ela apenas continua e continua. E lá de vez em quando pode aparecer um ponto de interrogação. Mas pouco provável é para quem sabe o que quer na vida...

A mágoa das minhas palavras
De tudo o que não posso dizer
De tudo o que não posso falar
De tudo o que não posso fazer

Sem os sonhos não era nada
Sem os sonhos não podia viver
A minha terra encantada
Luz do sol ao amanhecer

Vai lá vive em tuas memórias
De guerras, batalhas e lutas
Orando por minhas vitórias
Ecoando nas paredes das grutas

Ao escrever este poema me deito
Sobre o mais pesado olhar
Rio, choro, sinto-me só
Mas vou dormir, para sonhar