quinta-feira, 12 de abril de 2012

Poeta renascido... e outros mil pseudo-títulos

De palavras fui esquecido
E por tempos que hão findado
Me deitei e cantei sofrido
Num próspero mas tão contido
Sentimento já acabado

Porque em palavras me exprimo
E perdoe se menos qualquer
Qualidade de mulher
Se interpele aquando rimo

Por não deixar morrer
E tão menos fazer sofrer
Me retorno hoje por crer
Que algures nas sombras do tempo
Restará algum saber

E trocada a inspiração
Faz parecer faltar a ária
Se de todo a coração
Me alenta a imaginária
Conjuntura da situação

Se acalentado estive e mais não estou
Deixai o meu coração falar
Pois se em verdade eu me encontrar
Algum sentido se há de contar
Com regresso à nostalgia
Marco este novo início
Tanto envolto em sacrifício
De rochedo e precipício
Pr’ aclamar nov’ alegria

Se imatura se encontra esta terra
Imatura deixai-a ser
Pois de verde se pinta a esperança
E se planta em cada bonança
Na terra que me viu nascer

E nascendo a cada dia
Me desperto a um novo olhar
Sobre o que há de esperar
Em tão bela heresia

Mas para vulcões que aqui ardem
Me aguardo em seu contexto
Pois compondo assim em harém
Tenho em fim, meu mais que texto

Oh saudoso basalto
Que noutros versos cantado
A mim vieste em mar alto
Pra dar conta ao sobressalto
Deste teu iluminado
Pois assim é e me ilumina
Aquilo que os demais escurece
Mas o medo a mim fascina
Ou pelo menos assim parece

E nesta tenra viagem
Negreiras honras me tentaram
Para que hora se entregaram
E em brumas elas tornaram
As cores da minha miragem

E de fé para ti me avanço
Pois assunto principal
Daquilo que eu não canso
Instinto qual animal
Que confuso segue afinal

Oh tu, que do grego nascestes
Abandona meu sentir
Que agora como amigo
Não impede mas deixa fluir
O que faz isso comigo

E de amor claro falar
De amor ou amores talvez
E se engane quem possa pensar
E repita “Outra vez”?
Pois um estalo há-de levar

Do nada veio o calor
E para o nada já seguiu
Vai-te ó tentador
Do tempo perdedor
Que o meu coração sentiu

E árduas são as memórias
Quanto mais as que hão de vir
E tantas sonhadas vitórias
No meu sonho não hão dormir

Para sempre, eu acordado
Dormirei sobre o ensejo
De no palco, a entrar, estar prestes
E viver o meu desejo

E de fome, complemento
Não me julgues animal
Num olhar que afinal
Só pertence a tal momento

De ti aqui me despeço
E da página eu viro o libero
Num sussurro eu só te peço
Aquilo que um tempo espero
Avançando em temas outros
Da vida me passo à morte
Quase como se do azar
Eu pudesse culpar a sorte

E este tema tomo evasivo
Lhe salto e assisto num verso
Saudade do meu cativo
Pai que em crisma eu tanto terço

Se saudosos partem uns
Saudosos outros ficam
Para respeito de nenhuns
Se em bondade de alguns
Ao seu prazer só se dedicam

Por ténues lembranças
Que o tempo me traz
E tão breves festanças
Se mostram tão mansas
Guerreiras de paz

Na pior altura minha
Em que o teu olhar rocei
Pude ver que já não tinha
Amizade de outra vida
De um prazo que findei
Mas se a uns se diz melancólica
A outros tantos ela se grita
Para trazer tão metódica
Notícia de contrafeita
Em lugar de despedida

E para tão bom suspiro
Nos seus braços pude cair
E sob as nuvens sentir
Que o tempo é mais retiro
Do que aquilo que admiro

Se abra em “Éne” para o efeito
Se feche em “A” para solução
E findou meu preconceito
Em achar que por ter feito
Não teria mais razão

Tu gritaste num abraço
Demorado como a vida
Que os erros do passado
E ainda que assumas errado
São apenas memória esquecida

Por mais do que isso te agradeço
Neste estado audacioso
Em mostrar que não tem preço
Não tem fim mas só começo
Amizade que mereço
Por a ti tão fervoroso.

E me recordo ao presente
Para falar do que não quero
E por ser inconsequente
Ao que julgo e lhe venero

Se surgiu de um tão passado
No me presente vincou
Difícil me mostrou
Como amar em ser criado

Por tal vil acontecer
Em raiva se houve haver
E pago em cada hora
Não saber se por demora
Vai volver e suceder

Negro e externo se for tal facto
Branco e puro se assegura
Um amor que tempo nato
Pelas ondas do tempo perdura

E no meio do meu pensar
Me encolho a questionar
Se para ti me tenho a fim
De mais outra do que a mim

Para, olha e escuta em teu volteio
Toma rédeas no rodeio
Que cavalga a tua mente
Que se quer tornar dormente
De um fim que já tem meio

Resiste ao estrangeiro
Toma pelo que é teu
Ignora esse plebeu
Que se fim for certeiro
Razão ele não há-de ser meu

Meu astro de céu, meu corpo de março
Sonho em vir estar ao teu lado
Me tenta apenas o fado
De um esquecido e solto cadarço
Se tornar enamorado

Como houvera em tempos que aprontam
Daqueles que sobre eles duvido
Está já quase socorrido
Para lugar que já escolhido
Mil e umas mais se aprontam

E coração oh tu que dizes
Se te peço que concretizes
O findar dessa passagem
Que nos anos já diz viragem

Se me tentas, a ti me desforro
E me forço ao que não quero
Pra inconfidência, eu te berro
Para pior, então me morro

Me perdoe se errado ocorre
Por insistir em embuste tanto
Para clamar o que não canto
E fugir ao que decorre.

E de volta aos mares de leste
Se encontram repousadas
Lágrimas de oceano este
Que em teu nome são cantadas

Trovas, árias e Loas
Em todas elas se põe o soprano
Que imune a mais leoas
Me cunha assim para mais de um ano

E de tantos anos passados
O tempo não mo permite
De saltar quantos recados
Escutei no seu limite

Deixai passar pois chronos então
Que se julga meu senhor
E que tenho em tanta dor
Para cabinal o seu fedor
Ainda meus servos serão

Que a segunda suje a primeira
Desse vício não me abstraio
Que em tao belo desmáio
Me jogo nas suas águas, ribeira

Ribeira que corres, água que passas
Se não posso a ti vencer
Traz um dia a mesma água
Para que dela mais possa beber

E só para ti ficaria hoje,
Desmedido para não encerrar
Palavras que fim não têm
E que o vento não há de levar

Bela Fauna, Doce Flora
Se de todas mais perfeita,
Não hoje e não agora
Mas na sua certa hora
Há de estar a cama feita

Que errados se sintam os meus
Se por acharem que transmito
Furtos que somente fito
E me fitam a mim como seus

Ou transmito e deixo passar
Num diálogo quase claro
Arriscando a imaginar
E um dia talvez pagar
Do presente o preço mais caro.

E terminar-me talvez não sei
Pois custa tanto deixar
No tempo o que uma mensagem
Já não pode mais tragar

Num soluço tão medricas
Não deixo que o tempo suprima
Um momento mais bonito
Do que aquele em que tu ficas

E naquele fico contigo
Para tudo com saudade
Num só corpo, num só desejo
De amor para eternidade

Que mais pecam conflitos
Se falar na alva mestra
Com a qual já nada resta
Dos tempos em que me testa

E por menos se julgue agora
Do que em tempos eu já tive
Para tudo me contive
E assim já não me adora

Pouco disso, e sono mais
Para falar tão pouco diz
Importantes já não são tais
Os seus selos flor-de-lis

Deixa-te agora em teu refolgo
E talvez o dia te nascente
Dê mérito que eu amolgo
Como a verdade inteligente

Pois os há quem mim precisam
E aqueles que só me confiam
A tortura que mais passam
E que a minha alumiam

Deixa-te em mim, amigo vivaz
E talvez te possa ajudar
No momento mais audaz
Te digo, conseguirás
E haverás de triunfar

E de mais passo á final
Questão essa pessoal
Para quem seu ascendente
Se esconde tão dormente
A verdade mais real

De cavernas cravadas a barro
De um vermelho sangue vivo
À memória desse nativo
Mato a ele e a mim me amarro

Vem a mim, deixa-me ver-te
Deixa ver o que mais não vejo
Por ser cego ao que desejo
E no fim eu não mais ter-te

E não passou um só dia
Sem que em mim não te encontrasse
Vives tu para minha alegria
Num querer em que eu te abrace

De longe em outra vida
Deixei fruto que me veio
Tornar esta conseguida
Dar razão ao meu anseio

Oriunda do meu sangue
Rebento do meu saber
A lágrima que de mim te separa
Em breve te irá acolher

Que te traga a Deusa ao meu raiar
E te deixe no teu berço
Não te leve de regresso
Sem que antes te possa tomar

Vive em mim questão de vida
Da vida que tu pediste
Não me tomes por definida
Constante do que não existe.

E na fé só deixo um verso,
Por inteiro carecer
Num futuro lhe hei de ocorrer
Quando faltar o que eu não peço.

Num futuro conclusivo
Dito de leopardo ao peito
Ganho asas abusivo
Para viver menos suspeito

Num saber que só eu sei
E uns de que mestre não sou
Algum dia pois o serei
Ainda antes de que me vou

Conclusões ainda não tiro
Deste imenso baralho
Qualquer carta ou destino
Tem fortunas a que ralho

Tanto mais eu contaria
Mas de regresso me calo apenas
Esperando que as vindouras
Hão de ser as mais serenas.

Sem comentários:

Enviar um comentário