segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Carta à senhorita ÉNE...

Passa negro e tão mais escuro,
Como o peso da solidão.
Quando aperta o coração,
Já não mais sinto seguro.

Pois partiu e sei não foi,
Por razão talvez incerta,
Nesta vida tão deserta,
Não entende como dói.

E mais soturno não posso ser,
Se me foge o sentimento,
Coração se endura em cimento,
Pr'em simples estátua se converter.

Fujo dos outros. Fujo de mim.
E arrasto a prespectiva.
Mas nem diva ou cativa,
Me podem garantir que sim,
Que tudo isto é uma mentira.

Talvez tu idolatrada,
Mas já nem tu te queres consumir,
na preocupação do evoluir,
Se há um fim para esta estrada.

Sinto falta dos teus sais,
E deles faço agora os meus,
Escrevendo em fórmula de Deus,
Ordeno a morte dos imortais.

Se de tudo resultou,
Um fruto de grama e meia,
Não se fale em barriga cheia,
Nem do mal que este causou.

Pois sabemos que assim não será,
E de tudo a sensação,
Desse termo ao coração,
Se não mais que a determinação,
De felicidade que terá.

Se assim pode ser, então não sei,
Se foi um erro, não saberia.
Se me invoca sabedoria,
"Foi amor", é o que direi.

Te peço assim que tudo dividas.
E de volta te possa ter,
Pois nas horas esquecidas,
És alento ao meu sofrer,

Mergulho mais a mia voz,
Se esperar for o destino
Um destino tão atroz,
Como aquele do meu caminho.

De todas e outras formas,
Poderia dizer que te amo,
Como irmã, se assim me tomas,
Como amiga, se assim lhe chamo.

E até que ocorra a mudança,
Continuo em sofrimento,
Pois mais forte é o momento,
Com a dor da esperança.

Assim vazio e sem pudor,
Espero e mais sofro com isso,
De cabeça e vida levo o sumiço,
Assim dito a minha dor.