sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ode à amargura da vida

Dados os acontecimentos mais recentes e estando eu com um impluso estrondoso de culpar alguém pelas inoportunidades que a vida nos dá cabe-me agora estar hipermania de escrever para saudar "as mais honrosas culpas" que teimam em fazer da nossa vida um inferno. E muito honestamente me culpo até a mim mesmo, não obstante de "eu ser um espelho daquilo que a sociedade projectou para mim"... Ou será que não? Bem verdade é que não sou nenhum animal cujo dono diz "senta" e eu contente cumpro a instrução, mas há que salientar que se as liberdades de todos fossem executadas estaríamos a cumprir uma extrema pena por delírio social colectivo. Por essa razão temos o péssimo hábito de deitar as mãos à cabeça e dizer: "o que vai ser de mim agora". Cumpre-se assim neste poema a vontade de interpor pela minha própria pessoa em prole de certas pessoas que gostam de ignorar as responsabilidades que uma vida irresponsável acarreta. Àqueles que não lutam. Àqueles que sentem perdidos e àqueles que simplesmente não entendem a essência da poesia, lhes dedico este poema, fiel à crença que ficarão menos acomodados do que são e por outro lado aquelas pessoas que me apoiam e me sabem ouvir quando me sucedem as "complicações mais complicadas" para as quais tenho de tomar uma decisão com base não nos meus sentimentos mas nos de todos aqueles que me poderão condenar pela minha prespicácia existencial. A todos esses e todos mais vos deixo a minha ode...


Negra solidão me corrói.
E me tenta a tentação.
E se amarra em coração.
Este a prende, bate e dói.

Se misto não me é querido.
Que tal seja a indiferença,
Qual tal vida e qual tal crença
Me leva e faz sem um sentido.

Mas sentido não tem a palavra...
E muito menos a que digo.
Será amor, será uma mágoa?
Será uma luz? Será um abrigo?

Não perturba as mais mundanas.
Pois do meu olhar fugiu.
Mas sobre as cousas humanas
Olhou para mim e será ' sorriu?

Mas esta dor que sinto no peito...
Mais ninguém a traz consigo.
Pois no que é meu, assim me deito.
E ao deitar, deito sozinho...

Estarei sozinho, estarei senão.
A prespectar uma crueldade.
Dessa tão forte idade.
Negociada com destino.

Será a idade o problema então,
Ou sequer u'mais loucura,
Seja assim tal formosura,
Um amor tão proibido...

Traição cumpro com meu ser.
No desengano da paixão.
Será querer ou será não querer,
Comprar os corpos da perdição?

Ainda mais que o vento muda.
E por vezes se entranha.
Dando lugar à "barricuda"...
E se joga nesta manha.

Ai, ai e ainda ai...
Se mais nada sei lamento,
Mas se culpo este tormento,
É por culpa do momento.

E "ridiculoso" em fala e mente,
Me pronuncio sobre o amor.
E não sabe tanta gente,
Que a isso se resume a dor.

Ou será tal o contrário?
Já me falta a inspiração.
Incerteza ou talvez não,
Desse espelho imaginário...

Assim me concluo, assim me entrego,
Ao tão incerto e amoroso.
Caminho tão tenebroso,
Que demais supera o meu ego!

Se chegar 'alguém importante,
Não privatize esse prazer.
De questão mais esse ter
De eloquência tão errante;

Pois tristeza a quem me diz,
E se não diz tão bem me olha,
Pois será não ser feliz.
Se no fim houver escolha.

Pois já Bocage não sou,
Pois não fui e não serei,
Mas o poeta que um dia errou.
E o pobre tornou rei...

Desespero conseguido,
Por não haver quem compreenda,
Este tão indefinido,
Conteúdo de encomenda.

E encomendo a poesia,
Aos gritos de uma noite serena,
Na calada da surdina,
Essa coisa tão pequena;

Mas de tudo não acrescenta,
Compreensão aos meus poemas,
Se frutos de impunes dilemas,
São àquilo que aumenta...

E sentido não fazem algum,
Como palavras todas essas,
Em seguimentos tão ilógicos,
Num mundo inteiro às avessas...

Mas novamente me termino,
Com a palavra de eleição
Um consumo de indecisão
E me vou que toca o sino....

Já do real me abstráio,
Pois o eco parece mentir.
Permaneço no meu mundo,
E até que encontre o fundo,
Terei tempo a reflectir;
'
Quando enfim chegar o fundo,
Pode ser a sina lida,
Não seja já e assim tão tarde,
Para acordar na amargura da vida!

1 comentário:

  1. wow... -.-'

    Um verdadeiro poeta e artista nao chama estupido assim a colegas que o acompanharam durante muito tempo no curso...

    Estás a igualar-te àqueles que difamaram contra ti.

    Um bem haja pra ti

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